PRIMEIROS SOCORROS / Parte 7



No post anterior falamos: Técnicas de reanimação
Hipotermia e congelamento
Hipotermia é o termo dado a uma condição em que o corpo humano tem sua temperatura abaixada para menos de 35ºC ( 95ºF ) quando as funções normais do corpo ficam prejudicadas.
Causa:
A causa mais comum entre navegantes é a imersão na água do mar ou a exposição a um ar frio, principalmente quando em uma balsa de salvamento. Em um meio ambiente frio a produção de calor do corpo normalmente aumenta em um esforço para contrabalançar a perda de calor porém se a “rate” de perda de calor exceder a “rate” de produção é claro que a temperatura do corpo cairá e a hipotermia poderá surgir.
A “rate” de perda de calor é muitas vezes maior na água que no ar. A “rate” de perda de calor variará dependendo da diferença entre a temperatura do corpo e a da água.
Importante:
Mesmo em águas tropicais uma pessoa poderá morrer de hipotermia caso fique dentro da água por um período considerável de tempo. Em locais de águas frias a morte por hipotermia poderá, inclusive ocorrer em menos de uma hora. Além disso a morte por afogamento é uma frequente conseqüência da fraqueza causada pela hipotermia e que ocorrerá antes de morte por hipotermia propriamente dita.
De uma forma geral todos os mares do mundo possuem temperatura que podem ser classificadas como as de um ambiente frio.
Mudança da temperatura do corpo durante imersão em água fria e sinais e sintomas encontrados nas várias temperaturas.
Reconhecimento da hipotermia
A hipotermia deve sempre ser suspeitada quando alguém é resgatado do mar. Os três estágios da hipotermia estão representados no gráfico acima.
Deve ser observado que o estágio de torpor pode levar a um estado comatoso que é muito difícil de ser distinguido da morte. O acidentado está inconsciente, não existem reflexos e as pupilas estão dilatadas. A “rate” de respiração é muito baixa com cerca de dois ou três movimentos por minuto. O pulso é imperceptível e as batidas do coração não conseguem ser ouvidas mesmo que com uma estetoscópio. A condição aparente é de morte porém, o critério usado para se caracterizar a morte não é estritamente seguido em caso de hipotermia.
De uma forma geral os sobreviventes com capacidade de raciocinar e capazes de contar suas experiências, embora tiritando quase que dramaticamente, necessitam apenas que se removam todas as vestes molhadas e que elas sejam substituídas por roupas secas ou cobertores.
Bebidas quentes e descanso em um ambiente aquecido (não excedendo a 22ºC= 72ºF- temperatura normal de um espaço abrigado) são também recomendados.
Morte por hipotermia
A morte por hipotermia é por isso definida como a dificuldade de se ressuscitar um acidentado reaquecendo-o. Ela dependerá é claro, das condições físicas do acidentado e dos recursos disponíveis na ocasião.
Importante:
Devemos ter sempre em mente que, mesmo sobreviventes conscientes podem ter um colapso e se tornarem inconscientes logo depois de serem resgatados. Eles, nesse caso, devem ser colocados na posição de restabelecimento e não poderão ficar desassistidos.
Na maioria dos casos graves, quando o sobrevivente não está tremendo porém está semiconsciente, desacordado ou aparentemente morto, um reaquecimento é essencial.
Nunca tente reaquecer a vítima de forma rápida por imersões em água quente, exceto se for determinação médica expressa.
Hipotermia – medidas para a preservação da vida
- Após o resgate verifique imediatamente a respiração da vítima e seu batimento cardíaco. Se a vítima não estiver respirando, assegure-se que as vias respiratórias estão livres e inicie imediatamente a respiração artificial.
- A tentativa de ressuscitamento deve ser feita até a chegada de auxílio médico adequado, ou pelo menos durante 30 minutos.
- Prevenir uma perda adicional de calor devido a evaporação ou exposição ao vento.
- Não massageie os membros da vítima.
- Evite mexer desnecessariamente a vítima, principalmente ao retirar dela as roupas molhadas.
- Envolva a vítima em um saco de dormir ou cobertores ( ou, se possível em dois ). Os cobertores não devem ser aquecidos e é importante que a cabeça da vítima fique coberta porem não sua face.
- Coloque a vítima em um espaço não muito quente.
- Nunca tente dar qualquer bebida pela boca a um acidentado desacordado. Se a vítima estiver consciente nunca lhe dê bebida alcoólica, café ou chá.
- Se a vítima estiver desacordada coloque-a na posição de restabelecimento, se possível com a cabeça levemente mais baixa que os pés, e cumpra os procedimentos já descritos.
- Se a vítima estiver consciente deve lhe ser dado uma bebida quente, não alcoólica.
- Em uma balsa salva-vidas os sobreviventes hipotérmicos devem ser postos entre os ocupantes em melhor estado de forma a permitir, tanto quanto possível, uma transparência de calor desses para aqueles.
Congelamento
É o dano causado aos tecidos de uma extremidade do corpo pelo frio. Geralmente as partes atingidas são: as mãos os pés ou o nariz.
Síntomas:
- Inicial – dor ardente que pode ser muito forte;
- Posterior – o entorpecimento aumenta com o endurecimento e “azulamento” da parte atingida.
Importante:
- Não esfregue os tecidos.
- Não aqueça o local atingido a mais de 44ºC, uma temperatura maior causará danos ao tecido já fragilizado.
- Faça uma verificação geral sobre possíveis sintomas de hipotermia.
Sobre o Autor:

Julio Cesar
Atuando na área náutica desde 1984 com vasta experiência em vários setores. Participou de comissão de regatas de todas as classes, inclusive regatas internacionais e Match Race. Foi mestre em equipes campeãs de pesca submarina, resgate em alto mar além de trabalhar na área comercial, entregas técnicas de grandes marcas, assessoria na compra e venda, treinamento de tripulação de grande porte. É capitão desde 2009 oferecendo cursos de rádio operador, aulas teóricas e práticas de navegação credenciado no Delareis. Hoje, proprietário da tradicional escola de cursos náuticos Galápagos oferecendo cursos teóricos e práticos para habilitações com média de 95% de aprovação de seus alunos e um dos melhores professores do ramo. Capitão Julio Cesar (Nº do certificado : 001/2014 – DELAREIS)
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